Miguel da Silva Pereira nasceu em 1871 na cidade de São José do Barreiro-SP, localizada na divisa com o Rio de Janeiro, próxima à Resende e Itatiaia. Filho de lavradores, aos 12 anos ingressou no colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e aos 20 anos ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Miguel Pereira conclui seu curso em 1897, escrevendo uma tese sobre hematologia tropical.
Durante o período em que cursou medicina, Miguel Pereira participou do movimento armado do Marechal Floriano Peixoto, tendo lutado no combate da Armação em 1893. Ainda como estudante, também trabalhou como auxiliar-médico voluntário durante a epidemia de cólera no Vale do Paraíba em 1894. Após a conclusão do curso, ingressou como membro da Academia Nacional de Medicina – que viria a presidir no biênio 1910-1911. Miguel Pereira foi médico do Hospital Nacional de Alienados (1904-1907), antigo Hospício Pedro II, localizado na Praia Vermelha, e professor catedrático de clínica propedêutica, patologia interna e clínica médica na Faculdade de Medicina do Rio. Proferiu a frase “o Brasil é ainda um imenso hospital”, que marcou época e inspirou o Movimento Sanitarista da Primeira República. Escreveu ainda trabalhos sobre doenças como sífilis e ancilostomose.
Em 1915, Miguel Pereira visitou a região do hoje Lago de Javary a convite do Dr. Henrique de Toledo Dodsworth, seu companheiro de profissão na Faculdade de Medicina e filho do então Barão de Javary, que possuía terras na região. Encantado com o clima e ambiente local, resolveu comprar um sítio na Vila da Estiva (atual centro da cidade de Miguel Pereira) e nomeou-o Maria Clara, em homenagem à sua esposa.
O médico foi um grande propagador das qualidades do clima das atuais cidades de Miguel Pereira e Paty do Alferes e da criação nesta região de sanatórios para o tratamento de doentes de tuberculose. Foi também um dos maiores incentivadores da campanha pelo saneamento no Brasil. Miguel Pereira chegou a escrever um tratado de clínica médica, porém, queimou os originais após descobrir-se portador de uma doença incurável. Morreu na estação climática da Estiva em 23 de dezembro de 1918.
Tempos mais tarde o povo do lugar numa ação espontânea resolveu trocar o nome do lugar para Vila da Estiva do Professor Miguel Pereira, que na época ainda era um distrito pertencente ao município de Vassouras. A mudança de nome foi referendada pela Prefeitura de Vassouras, sendo mais tarde simplesmente abreviado para Miguel Pereira.
Para quem se interessar por mais detalhes da vida de Miguel Pereira, vale a pena dar uma lida no texto escrito por Sebastião Deister para o Jornal Regional. O Texto está dividido em quatro partes que compartilhamos aqui: Parte 1, Parte 2, Parte 3 e Parte 4.